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Dia dos Povos Indígenas: HSA foi pioneiro na assistência a indígenas do Nordeste
19 Abr

Dia dos Povos Indígenas: HSA foi pioneiro na assistência a indígenas do Nordeste

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Você sabia que o Hospital Santo Amaro (HSA), mantido pela Santa Casa Recife,  guarda, em sua história, um capítulo dedicado aos povos indígenas? No final da década de 1980, a unidade reservou um ambiente no prédio exclusivamente para atender indígenas do Nordeste. Um espaço onde a medicina ocidental dialogava com a medicina tradicional indígena.

“Eu costumava visitar alguns indígenas em tratamento. Era o último pavilhão que ficava do lado esquerdo de quem entra. Ali eram acolhidos indígenas de vários estados do Nordeste, não apenas de Pernambuco, em demandas de baixa, média e alta complexidade. O cacique Xikão Xukuru, muito conhecido no movimento indígena, foi um dos que esteve internado lá”, explica Saulo Ferreira Feitosa, especialista em Bioética, mestre em História e em Ciências da Saúde.

Indígenas atendidos na época relatam que algumas práticas terapêuticas eram desenvolvidas por pajés e curandeiras, ao tempo que a equipe médica prestava a devida assistência. Uma forma de respeito às crenças culturais e costumes das comunidades indígenas.

“É possível a hipótese de que esta Casa tenha sido uma das primeiras instituições a projetar, mesmo que indiretamente, uma realidade que contemplasse uma experiência de intermedicalidade”, complementa o indigenista.

Fruto de um convênio entre a Santa Casa Recife e a Funai, essa parceria foi de extrema relevância para a história do movimento indígena nordestino. E, segundo relatos, contou com a atuação de uma mulher notável: Maninha Xukuru-Kariri. A indígena liderou a luta pela terra junto ao seu povo e ajudou a construir retomadas por todo o Nordeste, sendo reconhecida entre as 52 brasileiras indicadas pelo Projeto “1000 Mulheres Para o Prêmio Nobel da Paz de 2005”.

“A sociedade tenta negar suas origens indígenas. Eles tomaram nossas terras, nossas línguas e nossas crenças. Hoje, nós sabemos quem nós somos, quais são os nossos direitos e a posição que queremos ocupar na história”, disse Maninha, ao ser indicada ao prêmio. Maninha faleceu em 2006, em Alagoas, mas o seu legado de amor e resistência perdura em suas falas e ações. “Eu queria ser médica para ter uma vida melhor, mas eu queria mesmo era poder ajudar os outros”.