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Amaro Lins completa dois anos à frente da Santa Casa Recife e fala sobre conquistas e planos de sua gestão; confira a entrevista
26 Out

Amaro Lins completa dois anos à frente da Santa Casa Recife e fala sobre conquistas e planos de sua gestão; confira a entrevista

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Em outubro deste ano, Amaro Lins completou dois anos como Superintendente Geral da Santa Casa de Misericórdia do Recife. Dos 24 meses, 18 deles aconteceram em plena pandemia de Covid-19. Mas apesar de reconhecer os desafios da gestão, ele comemora os feitos da entidade que, segundo ele, se reinventou e cumpriu a sua missão, mesmo em meio a dificuldades. Conversamos com o professor Amaro, como é chamado entre os corredores das unidades, que falou sobre mudanças, investimentos e perspectivas para a Santa Casa Recife. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

- Professor Amaro, em outubro de 2021 o senhor completa dois anos à frente da Superintendência Geral da Santa Casa Recife. O que mudou na sua forma de enxergar a Santa Casa do dia que o senhor chegou e agora?

Quando criança, eu morava em Olinda e passava aqui, na Avenida Cruz Cabugá, de ônibus, via o Hospital Santo Amaro, que era conhecido como o hospital que atendia as pessoas mais carentes da cidade. Mesmo criança, a gente sabia que algo importante acontecia naquele hospital. Indo agora para outubro de 2019, quando eu assumi a Superintendência da Santa Casa, eu pude ver além da fachada e dos muros. Pude ver de perto o grande trabalho que é realizado aqui neste hospital, não só às pessoas do Recife, mas de diversas partes do estado. Um trabalho humanizado e competente, desenvolvido por toda a equipe de profissionais envolvidos. Vi, também, que a Santa Casa é muito mais do que o Hospital Santo Amaro.

Atuamos na área de Assistência Social, com o Centro Geriátrico Padre Venâncio, o Instituto de Cegos, que é o primeiro do Norte-Nordeste, e os nossos três educandários de ensino complementar. Temos, também, duas escolas que oferecem educação formal. Atingimos, portanto, desde as crianças na primeira idade até os idosos. Então a minha maneira de ver a Santa Casa mudou bastante, porque agora eu entendo o papel que ela desempenha na sociedade, nos mínimos detalhes.

- Quais eram as prioridades há dois anos e quais delas o senhor tem orgulho em dizer que conseguimos implementar?

Quando eu assumi em 2019, a nossa prioridade era promover uma reestruturação na Santa Casa para que ela possa estar apta para enfrentar os desafios. O objetivo era modernizar a estrutura da gestão, redefinindo o modelo organizacional, fazendo um refinanciamento com bancos parceiros, entre outras ações. Um ponto muito importante foi a aproximação da Santa Casa com o Conselho Econômico da Arquidiocese, a quem a Santa Casa está subordinada. Dentro desse Conselho, foi formada uma subcomissão, que nós chamamos de Comissão Assessora, que tem trabalhado estreitamente com os gestores da Santa Casa dando melhores resultados.

Além disso, iniciamos uma negociação global de contratos, que datavam da década de 90, 2000, procurando uma maior otimização e efetividade. Atualizamos diversos contratos de prédios nossos que estavam locados, fizemos a cobrança adequada de tudo isso. Encerramos alguns contratos de gestão também, como o do Hospital Regional Fernando Bezerra e a UPAE, ambos em Ouricuri. Passamos a gestão do Abrigo São Francisco para a Diocese de Palmares, em excelentes condições. Todo esse processo de remodelação ainda não terminou, está em andamento. Mas eu posso dizer que já tivemos grande sucesso nesse trabalho e que hoje a Santa Casa está apta para enfrentar os desafios.  

- A pandemia de Covid-19, certamente, foi o maior desafio da sua gestão. Como o senhor avalia a atuação da Santa Casa nesse período?

No início de março de 2020, tivemos os primeiros sinais de uma pandemia que ninguém podia avaliar a extensão e a gravidade. Vimos que foi muito maior do que nós imaginávamos no começo. E a Santa Casa mostrou, mais uma vez, a sua capacidade de se reinventar e superar os desafios que aparecem. Tivemos que ampliar os nossos esforços para dar o atendimento que já dávamos em uma nova conjuntura, enfrentando o risco de infecção do nosso pessoal técnico e administrativo e adotando as medidas necessárias para evitar a contaminação dos nossos pacientes. Além do seu trabalho rotineiro, a Santa Casa teve ainda a capacidade de auxiliar no enfrentamento à pandemia, ofertando à população leitos de enfermaria e de UTI.

Tivemos outro grande desafio que foi o atendimento às nossas crianças, que ficaram em casa, longe das salas de aula, abatidas pelas dificuldades financeiras e pela fome que se ampliou sobre essas famílias. Então acompanhamos essa situação e o nosso atendimento se estendeu às famílias das crianças. Fechamos diversas parcerias e procuramos arrecadar alimentos e recursos financeiros para dar cestas básicas quinzenalmente para parte do nosso público.

Um dos nossos parceiros mais importantes foi o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PE), que recentemente ganhou um prêmio da Organização Internacional do Trabalho, pela sua capacidade e visão de auxiliar a população que mais precisa por meio da produção solidária de alimentos. É uma iniciativa premiada pela Organização Internacional do Trabalho, mas reconhecida, principalmente, pelas famílias das crianças que são atendidas pela Santa Casa, que continuam sendo beneficiadas há vários meses com a doação de alimentos vindos da agricultura familiar.

- Quais são as metas e objetivos para 2022? Reformas? Investimentos? Parcerias? Que mudanças o senhor poderia nos antecipar?

Nós precisamos pensar no hoje, mas, também, no futuro. Estamos pensando em grandes reformas no Hospital Santo Amaro. Por ser um prédio secular, ele apresenta necessidade de investimento em sua infraestrutura, cobertas, pisos e modernização do seu parque tecnológico. Estamos buscando parcerias e emendas parlamentares para que nós possamos realizar todos esses investimentos. O Hospital Santo Amaro atende 100% SUS e nós sabemos que, com a defasagem da tabela do SUS, nós enfrentamos grandes déficits orçamentários a cada ano por conta dessa diferença, entre o aumento dos custos hospitalares e o congelamento desta tabela há mais de uma década. Temos, também, conversado com o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife sobre o que nós podemos fazer para superar esse déficit e dar continuidade aos nossos trabalhos em condições satisfatórias.

- O senhor foi muito bem recebido na instituição e hoje é conhecido por sua gentileza, seu olhar empático com o outro. O que o senhor gostaria de dizer aos colaboradores e funcionários terceirizados da Santa Casa Recife?

A Santa Casa Recife é uma instituição diferenciada. É um espaço revestido de amor, onde as pessoas devem sentir muito orgulho do que fazem. Não somos apenas funcionários da Santa Casa, estamos a serviço de uma missão muito maior. O nosso Arcebispo, Dom Fernando Saburido, que é presidente de honra da Santa Casa e sempre nos dá todo o apoio, nos lembra da parábola do Bom Samaritano. Nós precisamos ver a realidade das pessoas necessitadas, nos compadecer da situação em que elas estão e tomar uma atitude diante disso, ir para a ação. Por isso, em cada função que desempenhamos aqui, devemos atender com carinho e atenção aqueles que precisam do nosso trabalho, pois todos são seres humanos e filhos de Deus.

- E à população em geral? Por sermos filantrópicos, precisamos muito do apoio da sociedade. Qual mensagem o senhor gostaria de passar para o público externo neste momento?

Eu gostaria de chamar a todos para contribuir com a nossa missão e dizer que a Santa Casa precisa de apoio, pois continuará servindo à sociedade, como vem fazendo ao longo do século, cumprindo o seu papel social, tendo como exemplo maior o Bom Samaritano, que é nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a referência e o guia para todos nós. E que Ele abençoe a Santa Casa e a todos nós!

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